Seme entrevista o melhor skatista do mundo



Denise Luque

Ele é carioca, mas vive na Califórnia. É o skatista brasileiro número um do mundo, que nas horas vagas surfa, salta de pára-quedas e pilota aviões. Seu nome é Robert Dean da Silva Burnquist, mas é como Bob Burnquist que ele conquista gerações de skatistas no mundo todo.

Aos 30 anos, ele ouve de reggae à MPB e sempre que pode assiste a shows. O último foi do Charlie Brown, do vocalista Chorão – amizade que se consolidou depois da morte de um amigo em comum.

A vida de Bob já pode ser vista por todos no filme que ele lançou no final de agosto passado, “The reality of Bob Burnquist”. Em entrevista à Secretaria de Esportes, Lazer e Recreação da Cidade de São Paulo, ele conta como tudo começou e fala da importância de se investir na base do skate brasileiro.

Como começou sua ‘vida sobre rodas’?

Comecei a andar de skate com dez anos e meio. Na verdade, o primeiro skate que eu ganhei do meu pai eu troquei por uma bola de futebol. Depois emprestei a bola para um amigou e ele a perdeu. Ao invés de me dar outra bola, ele me deu um skate. Ai que tudo começou.

Você está por dentro do que acontece no skate no Brasil mesmo morando na Califórnia?

Eu moro lá, mas venho muito para o Brasil. Este ano já perdi as contas de quantas vezes estive aqui.... Até mesmo por causa do filme lançado no final de agosto, da divulgação. Eu procuro saber o que acontece por aqui, principalmente no que diz respeito à base, que tem importância fundamental.

Que estrutura do esporte o Brasil oferecia quando você começou?

Quando eu comecei foi muito difícil. Não tinham pistas, competições... Agora o skate está na mira da mídia porque os brasileiros estão no topo dos rankings mundiais.

O skate cresceu muito no Brasil nos últimos anos. O que fazer pra melhorar ainda mais?

O esporte realmente cresceu, ganhou espaço, respeito, mas sempre tem como crescer mais. Faltam investimentos da iniciativa privada, trazer grandes competições para o país. Os patrocinadores já estão mais evidentes... São portas que vão se abrindo que fazem aparecer mais oportunidades.

Muitas crianças e adolescentes se inspiram em você para praticar o esporte. Como você se sente servindo de referencial para uma nova geração de atletas?

Eu acho super legal poder servir de motivação para as pessoas. No que eu puder ajudar a incentivar jovens à prática do esporte por meio dos meus resultados positivos, eu ajudarei. Claro que, como skatista, quero que o skate prevaleça, mas em qualquer esporte, em tudo na vida, aliás, se você quer, precisa correr atrás.

O que falta no Brasil, com relação ao skate, na sua opinião?

Nos Estados Unidos, algumas escolas oferecem o skate como alternativa nas aulas de Educação Física. Acho que é isso que falta aqui. O jovem acaba escolhendo praticar outras modalidades às vezes sem nem conhecer o skate. E no meu tempo, por exemplo, encontrar pistas era complicado. Ter contato com o maior número de esportes possível é o melhor a se fazer porque o esporte integra as pessoas.

No primeiro semestre do ano que vem, o EMER – Estádio Municipal de Esportes Radicais – será inaugurado.

Olha, vai ser muito bom, sim. Precisamos democratizar mesmo os esportes, de forma gratuita... Investir na ‘nova geração’ com qualidade.

Quais são seus projetos para o futuro?

Tenho projetos de filmes, quero trazer campeonatos para o Brasil, mas o importante agora é me estabelecer através do meu sucesso nas pistas para conseguir tudo isso. Um degrau de cada vez, aos poucos as coisas vão acontecendo. Primeiro é preciso ter sustentabilidade.

Qual foi a maior conquista na sua carreira?

Vencer campeonatos é muito bom e tem suas vantagens. Os patrocinadores se interessam e apostam em você; mas melhor e mais difícil do que isso é conquistar o respeito de skatistas consagrados. Por várias vezes fui eleito o skatista do ano e nessa categoria são os profissionais da área que votam...Então o valor é ainda maior. Por isso eu digo que esses prêmios têm mais emoção para mim.

Rapidinhas

NAS HORAS VAGAS: piloto avião, pulo de pára-quedas e surfo.

MÚSICA: Depende muito do dia, das minhas vibrações internas. Gosto do som do Gorillas, ouço reagge hip hop, MPB... Ultimamente tenho ouvido muito a Adriana Calcanhoto, mas também gosto de Gilberto Gil e outros.

SHOWS: Vou sempre que posso. O último show em que eu fui aqui no Brasil foi do Charlie Brown, até porque ele participou do meu filme. Somos amigos desde antes do filme. Na verdade, ficamos amigos depois que perdemos um amigo em comum. Ele sempre falava bem do Chorão para mim e vice-versa. Eu digo que perdi um amigo e ganhei outro.

Participe

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